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Como Os Gregos Destruíram A Igreja Judaica

Por Pastor Hal Mayer

How the Greeks Destroyed the Jewish Church [1]

Umas das mais incríveis mudanças já ocorrida na Igreja de Deus deu-se em um tempo do qual não existe registro bíblico. Entretanto as mudanças foram tão profundas e tão devastadoras que é vital que as estudemos. Os judeus foram levados por satanás à rebelião definitiva e à rejeição deles como Igreja de Deus. Há muitas lições para nós hoje das quais teríamos um melhor aprendizado se evitarmos cometer, em nossos dias, erro semelhante.

Mas antes de abrirmos nosso estudo deste mês, eu gostaria de apresentar a vocês a minha família, porque muitos de vocês não me conhecem. Minha esposa Betsy tem sido minha ajudadora, agora por 22 anos, completando neste mesmo mês. Ela trabalha por tempo integral no Instituto Hartland publicando a Revista a Última Geração (Last Generation), que é uma maravilhosa e bem sucedida ferramenta de literaturas missionárias no ganho de almas para Cristo. Ela também rege o Coral do Instituto Hartland, e administra o curso de Publicações Cristãs da Faculdade Hartland. Não temos outros filhos além dos jovens alunos da Faculdade Hartland, os quais nós consideramos como colegas em treinamento e amigos maravilhosos. A mãe de Betsy, Hellen (agora com 77 anos), também vive conosco. Somos uma família feliz, com um grande amor pela obra de Deus nestes últimos dias.

Por 23 anos eu tenho estado ligado ao Instituto Hartland em muitas diferentes atividades. Mas as minhas favoritas são ensinar história e pregar a verdade para este tempo. Eu gosto muito de me reunir com pessoas, e oro para que eu tenha a oportunidade de encontrar-me também com vocês, se é que já não encontrei, e se O Senhor assim o quiser.

Eu também gostaria de dizer que me sinto inundado pela providência de Deus, em guiar o Pastor Nelson e a mim para nos unirmos a fim de que o trabalho do Ministério Guarde a Fé pudesse continuar. Eu tomo esta responsabilidade muito seriamente, e oro todos os dias por uma porção dobrada (e até mesmo triplicada) dO Espírito Santo de Deus, para me fortalecer e ajudar nisto. Eu tenho uma equipe de obreiros de meio período me ajudando com o trabalho que o Pastor Nelson, sua esposa Dean e sua filha Laurie e genro Ron fizeram por muitos anos. Nossa equipe de quatro pessoas aqui na Virgínia, e em torno de sete ou oito em Óregon, oram todos os dias para que almas sejam ganhas para o reino celestial através dessas fitas.

Só para que você saiba, o Ministério Guarde a Fé continuará como uma organização sem fins lucrativos separada, a qual precisa de suas orações e contínuo apoio. Mesmo continuando a trabalhar por meio período no Instituo Hartland, ensinando história e algumas outras coisas, vou passar a maior parte do meu tempo trabalhando no Guarde a Fé.

Algumas pessoas tem se preocupado com o nosso endereço de correspondência. Vivemos em uma parte rural da Virgínia, e gostamos muito disso. Mas o escritório dos correios que nós estamos utilizando é um escritório-trailer muito pequeno que só oferece um endereço geral de entregas. Você deve continuar usando o endereço de Óregon como sempre. Mas você também sempre será bem-vindo entrando em contato conosco pelo endereço: Ministério Guarde a Fé, Locust Dale, VA 22948. Basta escrever isso. Nenhuma caixa postal é necessária. Sua carta chegará com certeza.

Quero dizer o quanto aprecio e agradeço as orações e as doações financeiras que vocês nos enviam a cada mês ao ouvirem estas fitas. Elas ajudam imensamente. Eu também quero dizer quão grato estou por podermos enviar estas fitas ao mundo inteiro de forma totalmente gratuita para todos, até mesmo para aqueles que não podem pagar por elas. Mas é somente por causa do fiel apoio financeiro daqueles que podem ajudar com um pequeno extra a cada mês, que somos capazes de fazer esse trabalho. Esta é uma obra de muita fé. Mas com as bênçãos de Deus e vosso apoio fiel, é possível.

Agora vamos voltar para o nosso assunto de hoje. Por favor, abram comigo suas Bíblias no livro de 1 Coríntios capítulo 1 e verso 18. Mas antes de lermos a Santa Palavra dO Senhor vamos encurvar nossas cabeças e pedir Sua sabedoria para compreendermos o que Ele quer nos falar hoje.

Nosso Pai celestial, obrigado por Tua Santa Palavra e a verdade que ela contém para nós hoje. Por favor Senhor, envie Seu Santo Espírito para nos falar sobre esta verdade e nos ajudar a compreender o que O Senhor quer nos dizer. Ajuda-nos a ver como aquilo que aconteceu aos judeus antes de Cristo vir a esta terra tem o seu paralelo hoje. Eu te peço essas bênçãos em nome de Jesus. Amém!

Agora vamos ler a partir do verso 18: “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação. Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gregos. Mas, para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus.”

Note o contraste que há entre a pregação da cruz e o pensamento dos judeus. Os judeus estavam procurando manifestações sensacionais da verdade a fim de se disporem a acreditar. Eles, em algumas formas, eram semelhantes aos Carismáticos e Pentecostais de hoje, os quais querem uma religião que envolva grandemente seus sentidos e emoções, mas ignore em grande parte o intelectual. Veja que, de um lado os gregos enfatizavam o intelecto e abandonavam o emocional. “Os gregos buscam sabedoria”, disse Paulo no verso 22. Paulo percebeu que algo acontecera entre esses dois grupos de pessoas, os judeus e os gregos, que ele acreditava que ameaçariam a Igreja de Deus. Ele podia ver o que havia acontecido com os judeus sob a influência dos gregos, e advertiu a todo o povo de Deus, até o fim tempo, sobre o que estava para vir.

Originalmente, o sistema educacional que Deus deu aos judeus era simples, prático, natural, e designado a criar amor e lealdade para com Deus, e uma compreensão de Sua lei em seus corações. Se Israel tivesse permanecido leal, Deus os teria abençoado tanto que eles teriam sido admirados pelo mundo e consultados regularmente. O plano educacional de Deus teria preparado Israel para anunciar ao mundo a salvação dO Messias.

Mas o povo escolhido de Deus apedrejou os profetas, prostrou-se perante ídolos, definhou em Babilônia, e finalmente rejeitou a Cristo O Messias. Após o retorno do cativeiro, temendo muito a idolatria, eles se fecharam com regras e regulamentos a fim de evitar a apostasia. Satanás sabia que seria extremamente difícil persuadir Israel a cair novamente em idolatria, assim ele tentou outro ângulo.

Ao findar o império Medo-Persa, Alexandre o Grande conquistou o mundo civilizado, mas sua morte repentina deixou o império dividido entre quatro de seus generais. O Império Grego agregava mundialmente os mestres da sabedoria. Aristóteles, Sócrates e Platão lançaram o fundamento da cultura ocidental. Eles tentaram resolver os dilemas morais da sociedade usando no mundo a filosofia pagã. Apesar de a civilização grega ter crescido economicamente, seu sistema de filosofia e educação falhou em produzir o sistema moral que podia mudar o coração e torna-lo verdadeiramente nobre. Não possuía um sistema divino de avaliação do certo e do errado.

A sofisticada cultura grega requeria uma colonização e uma vida citadina altamente desenvolvidas. As cidades-estado eram o único conceito social da cultura grega amadurecida. Mas não eram cidades com muros e fortificações.

Eles estavam mais interessados nas conveniências da cidade que abraçava a cultura grega. Os reis gregos eram conhecidos por estabelecerem grandes cidades, colonizando e misturando culturas sob os princípios gregos. [1] A colonização de grandes cidades removia pessoas das simples influências naturais de seu país e engajava-os naquilo que era complexo, artificial e feito pelo homem.

Os impérios anteriores forçosamente impunham suas culturas e religiões às outras nações que eles conquistavam, mas isso sempre foi difícil. Alexandre foi o primeiro imperador a deixar a cultura e a religião nacional livres da perspectiva militar. [2] Todavia a filosofia, a economia, a língua, o estilo de vida e as artes helenísticas inundaram tudo muito profundamente. Pela popularização de sua cultura e educação eles podiam integrá-la em outras culturas, resultando num vasto “Greco-reinado” (domínio grego), sob seus mestres intelectuais. [3] Essa estratégia foi muito efetiva, não por criar um império controlado pela força militar, mas por criar um império cultural construído sobre idéias e uma maneira de pensar, a qual influenciaria nações através das eras. [4] Onde Babilônia e Medo-Pérsia falharam pela força de exércitos, a Grécia conseguiu péla força do intelecto. Apesar de sua força militar ter durado relativamente pouco tempo, o poder do intelectualismo grego está ainda hoje conosco, em todos os aspectos de nossas vidas. Não é de admirar o que Paulo escreveu em primeiro Coríntios. Ele estava muito preocupado de que a filosofia dos gregos comprometesse a Igreja. Ele podia ver que essas idéias eram muito atrativas para um coração não-regenerado.

O Efeito Devastador na Igreja Judaica

O efeito da cultura helenística na Igreja de Deus durante os 400 anos, entre o último profeta do Antigo Testamento e o tempo de Cristo, é instrutivo para Sua Igreja hoje. Não houveram profetas para falar à Igreja de Deus, e a Bíblia é silente a respeito da história e condição da igreja durante esse período. É interessante que muitos dos mesmos princípios que os gregos usaram na Igreja Judaica, os quais levaram à sua terrível rejeição de Cristo, estão sendo usados na Igreja de Deus hoje, para fazer com que ela não receba a chuva serôdia.

Um dos quatro generais que tomou o controle da parte sul do Império Grego, após a morte de Alexandre o Grande, foi Ptolomeu I. Ele começou a dinastia dos Ptolomeus que governava a partir de Alexandria, no Egito. Esse reino tinha muita influência dos judeus durante os 400 anos que precederam à vinda de Cristo a esta terra.

Os Ptolomeus estavam muito dispostos a deixarem outros líderes de nações achegados aos círculos de poder em Alexandria. Eles convidaram esses líderes para participarem de seu governo, pelo menos em certos aspectos. Essa estratégia foi efetivamente utilizada para fortalecer a integração cultural. Os gregos pagãos eram muito amistosos para com os judeus. Alexandre e Ptolomeu I ofereceram-lhes direitos iguais, benefícios e proteções como todos os outros cidadãos. [5] Esta amigável relação entre judeus e gregos gerou grandes comunidades judaicas, as quais surgiram em Alexandria, no Egito.

A dinastia Ptolemaida controlou o Egito no sul e a Judéia, a Fenícia e regiões circunvizinhas. Um dos reis Ptolomeus comissionou estrategicamente um grande número de rabis escolásticos para virem a Alexandria e traduzirem o Antigo Testamento (seus oráculos sagrados) para o Grego. [6] Sem dúvida alguma isto abriria oportunidades para os judeus se tornarem mais familiarizados com a cultura dos gregos, trocando idéias com os mestres da filosofia deles. Os judeus inutilmente teriam visto isso como sendo uma oportunidade de influenciar os gregos com seus próprios textos sagrados.

Jovens judeus promissores e talentosos, sem dúvida, foram convidados às escolas de Alexandria e então, com suas graduações, voltaram e ensinaram nas escolas judaicas. Como a cultura grega estava se tornando muito popular, os judeus pensaram que isso seria uma boa forma de trazer um novo pensamento e novas perspectivas à vida judaica. Os judeus comuns estavam enamorados com o estilo de vida e com o materialismo dos gregos. E a contemplação das riquezas fortaleceu o fascínio judaico pela cultura e o pensamento grego. Enquanto isso o intelectualismo grego se movia sorrateiramente na Palestina.

Influência Econômica

Os sacerdotes judaicos tinham se tornado surpreendentemente ricos pelas ofertas do povo, e se corromperam. Parecia que o principal alvo deles era ganhar dinheiro. [7] O que dizem as Escrituras?: “O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males.” Como os sacerdotes eram essencialmente os líderes nacionais, eles guiaram o curso de sua nação segundo suas ambições, e se tornaram presa fácil das influências helenísticas que aumentavam suas chances de enriquecimento ainda maior.

Mas um princípio econômico viria a ser estabelecido na Judéia, o qual teria efeito sobre todas as pessoas, não só os sacerdotes. O rei Ptolomeu fez de um certo judeu o chefe da coleta de impostos, desde a Fenícia até às fronteiras do Egito. Esse judeu, por sua vez, nomeou seus próprios compatriotas para ajuda-lo na tarefa. Isso os enriqueceu muito e os fez investir na Judéia, banhando-a de dinheiro e riquezas e melhorando as condições econômicas. Este investimento na Palestina levantou o povo da pobreza para a prosperidade, e mudou o curso da história judaica.

[8] A nova situação de riqueza ajudou a transformar a admiração para com os gregos em imitação. Os gostos judaicos se tornaram mais refinados. Eles se tornaram interessados em artes menos práticas, especialmente a pintura. Seus lares se tornaram mais bonitos. Suas roupas copiavam as modas dos gregos. Mas os hábitos e costumes simples dos judeus, designados a mantê-los leais a Deus e separados dos idólatras pagãos, foram perdidos. [9] Apesar de não se curvarem perante ídolos, eles se tornaram culpados de uma nova idolatria, a idolatria aos deuses da razão, do materialismo e da moda.

Foram os líderes judaicos que levaram os “yuppies” daqueles dias a adotarem hábitos extravagantes e frívolos costumes. Eles copiaram os gregos em tudo; do comer e beber, às modas e finanças. Eles condescenderam com o vinho, a música, o drama, o teatro e outros tipos de entretenimento. Deram mais importância ao ganho do dinheiro do que aos valores espirituais. [10] As modas gregas se tornaram comuns na Judéia. Os jovens se exercitavam usando bonés gregos, [11] e exibiam o vestuário grego popular pelas ruas de Jerusalém. [12] Quando o novo sistema educacional avançou para dentro da sociedade judaica, assim também se deu com o correspondente amor ao mundanismo e ao ganho monetário. Esses encantamentos apelaram fortemente aos jovens, os quais foram rapidamente atraídos à dissipação e à impureza.

[13] Os gregos amavam suas festas, as quais consumiam grande parte da vida pública. [14] Alguns judeus importantes, familiarizados com a corte de Ptolomeu, testemunharam, e até mesmo participaram das corruptas orgias ligadas às numerosas festas gregas. Esses líderes judeus introduziram descaradamente tais procedimentos em Jerusalém, incluindo o vinho, dançarinas e música pagã. [15] O resultado foi que houve menos interesse nas festas que Deus tinha dado a Seu povo para inspira-los com a verdade e a educação em salvar almas. Você vê, os judeus estavam sendo re-educados dentro da mentalidade do mundo.

A Educação Grega

Alguns dos líderes judeus sabiam que, a fim de helenizar a Igreja Judaica, eles teriam que controlar a educação dos jovens, a fim de que os judeus pudessem se tornar o mais semelhante possível aos gregos. Alguns dos judeus mais influentes vergonhosamente conspiraram a helenizar sistematicamente os judeus através da educação e, finalmente, abolirem a fé de seus pais. A meta desses “liberais” era a completa incorporação da vida e dos costumes judaicos dentro da cultura mundana grega.

[16] A educação grega dá ênfase aos esportes, colocando-os em uma alta prioridade. Os judeus revisionistas introduziram jogos, corridas, competições de lutas e disputas de toda espécie nas escolas judaicas, mesmo apesar de a lei judaica ser totalmente contrária a essas inovações. Um dos sumo-sacerdotes, de nome Jason, introduziu os Jogos Olímpicos na Judéia e construiu um ginásio, para esse propósito, no coração da cidade de Jerusalém, próximo ao Templo. [17] A juventude judaica se congregava nesse templo olímpico dentro de seus próprios muros. Mestres nos esportes gregos foram contratados para ensinar seus jogos. Os judeus lotavam o estádio. Até mesmo sacerdotes negligenciavam seus deveres no templo a fim de participarem dos jogos.

[18] Aconteceu que havia um problema embaraçoso para os judeus. Era requerido que todo participante nos Jogos Olímpicos competisse totalmente nu. Uma das mais distintivas marcas de singularidade dos judeus para com Deus era a circuncisão. Contudo, sob a influência dos gregos, a circuncisão tornou-se uma marca de vergonha. Para evitar o escárnio, os judeus olímpicos submetiam-se a uma operação especial para mascarar a circuncisão. [19] E isso não é de surpreender, pois os esportes são contrários ao sistema educacional de Deus, e esse símbolo da singularidade deles para com Deus seria uma constante lembrança de sua nova idolatria.

PERDA DAS DOUTRINAS DISTINTIVAS E DA MENSAGEM DO SANTUÁRIO

O declínio nos princípios e padrões promovido pelos líderes liberalistas levou a uma desconsideração geral e até mesmo a uma negação das verdades fundamentais da Fé Judaica. [20] “Pelas atitudes de seu próprio povo, Jerusalém renunciou seu tão longo isolamento e se alinhou com o grande mundo helênico.” [21] A crescente fascinação pela cultura helenista conduziu os judeus a um baixo interesse pelas antigas leis e caminhos judaicos. Pouco a pouco a própria identidade dos judeus e as coisas que os faziam um povo distinto se tornaram abertas à discussão. Até mesmo judeus conservadores começaram a questionar suas antigas e tradicionais crenças. Eles conjecturavam se os ensinamentos do judaísmo estavam verdadeiramente corretos. Eles podiam ver que seus antigos ensinos estavam em conflito com o raciocínio grego. Mas os gregos eram tão “bem sucedidos”, que não seria o caso de serem as bênçãos de Deus que os tornavam assim tão superiores à economia judaica? Eles gradualmente substituíram a definição Divina de sucesso, pelas idéias gregas. Eles começaram até mesmo a conjecturar se Deus realmente queria a negação do eu, e se Deus realmente tinha qualquer preocupação com o homem. [22] Veja como estas duas coisas andam lado a lado de mãos dadas! Como podemos compreender que Deus nos ama profundamente e que sacrificou a Si Mesmo por nós, se nós mesmos não desejarmos ajudar outros e nos sacrificar por eles? O sacrifício próprio é uma das maneiras que Deus nos ajuda a compreendermos Seu amor por nós. Deus nos ordenou o sacrifício para ajudar-nos a compreender e alcançar os princípios do Céu.

As escolas rabínicas dos judeus continuaram a operar. Mas ao passo em que os rabis formados em Alexandria (capital egípcia do Império Grego) exerciam sua influência sobre o currículo dessas escolas, a educação delas tornou-se grandemente comprometida. Cada vez mais o ensino nelas se tornou menos prático, menos bíblico, e mais teórico. Esportes, jogos, riqueza e luxúria eram glorificados. Motivações mundanas substituíram os serviços na causa de Deus.

Ano após ano a Palavra de Deus era cada vez menos estudada, enquanto o currículo educacional era direcionado ao intelectualismo e racionalismo. Ano após ano o homem era exaltado e Deus, menos considerado. A graduação de rabi era celebrada e os que não estudavam eram depreciados. Aumentavam as cerimônias e a piedade diminuía. Ênfase cada vez maior era dada ao Mishna e ao Gemara. O Mishna era um comentário Bíblico que acrescentava muitas leis e cerimônias. O Gemara era um comentário sobre o Mishna, o qual acrescentava ainda outras regras e regulamentos. Havia um ditado na “Ética dos Pais” que dizia mais ou menos assim: “Uma criança deve estudar a Bíblia aos cinco anos, os Mishna aos dez, e o Gemara aos quinze.” [23] Em outras palavras, enquanto o estudante avançava nos anos e aumentava sua habilidade mental, ele estudava cada vez menos a palavra de Deus, e cada vez mais os escritos de homens.
O que você acha que isso ocasionou aos princípios do santuário, os quais foram designados a proteger o povo de Deus contra o mundanismo e a ensina-los o caminho da salvação? Na mente judaica estas coisas começaram a se tornar cada vez menos importantes. A fidelidade à lei de Deus passou a ser vista como algo estreito e restringidor. A freqüência aos cultos no Templo foi cada vez menor. As verdades simples da mensagem do santuário não mais impressionavam as mentes deles.

O PERIGO DA PROSPERIDADE

A apostasia liberalista não trás paz e unidade. Por volta do segundo século antes de Cristo, a degeneração da Fé Judaica conduziu a muitos conflitos internos gerando uma reação. Aqueles que se opunham a esse liberalismo uniram-se e formaram o grupo dos Hkassidim (lê-se bem guturalmente), ou “Os Puros”. O conflito entre os liberais e os conservadores empurrou ambas as partes a extremos opostos, de tal forma que não havia entendimento entre elas. Os conservadores acusavam os liberais de apostasia, de “quebrarem a lei” e de “terríveis pecados”. Os liberais acusavam os conservadores de serem estúpidos em reter os antigos marcos e prejudicarem o progresso, a prosperidade e a estabilidade da nação. [24] Como você pode ver, os conservadores que tentavam manter os princípios foram acusados de gerar a discórdia e desunião. Isso lhe parece familiar?

Levantaram-se argumentos de todos os lados. Discordância sobre esportes, alimentação, medicina mundana, e problemas filosóficos criaram uma discórdia geral. Ambas as partes lutavam por influência política. Os helenizadores liberais queriam que um dentre eles substituísse o Sumo-sacerdote conservador, e logo a questão fervente foi se era realmente necessário que o Sumo-sacerdote fosse um descendente de Arão, e isso gerou o temor de que os liberais vulgarizariam o sagrado ofício.

As pessoas geralmente se posicionavam sobre o muro. Elas gostavam das luxúrias, dos refinamentos, de entretenimentos tais como teatro e drama, e dos esportes sempre presentes; mas desaprovavam os excessos liberalistas extremos, porque elas não queriam quebrar sua conexão com o passado. Alguns começaram mesmo a racionalizar que, como os judeus eram o objeto especial das afeições de Deus, essas mudanças sociais, reforçadas pelo fortalecimento da economia, eram na verdade bênçãos de Deus e, portanto, deveriam ser aceitas.

[26] A luta e o conflito em Jerusalém com suas intrigas políticas atraíram a atenção de Antíoco Epifânio, o qual marchou sobre Jerusalém. Em 169 a. C. Antíoco profanou o Templo, e tornou a guarda do Sábado e a circuncisão crimes capitais, enquanto forçou judeus a celebrarem o festival pagão a Dionísio. [27] A revolta dos Macabeus e as guerras subseqüentes finalmente restauraram o Templo e a nacionalidade judaica sob o controle dos conservadores. Mas a infiltração dos princípios gregos NUNCA foi erradicada.

Os judeus haviam se apartado novamente de Deus, e para suprir a falta dO Espírito Santo, os rabis conservadores tornaram a religião judaica muito mais legalista, a fim de se restringir os progressos do helenismo. [28] No entanto os líderes religiosos tinham perdido a visão do verdadeiro objeto de sua religião. Eles multiplicaram as cerimônias sem compreenderem seu real propósito. Enquanto isso, a Igreja Judaica se tornou tão comprometida que um reforma completa era basicamente impossível. É óbvio que, no tempo de Cristo, nem mesmo Ele pôde muda-los, por isso teve que começar uma nova igreja.

“Quando os judeus se apartaram de Deus, a fé ficou mais fraca, e a esperança quase cessou de iluminar o futuro. As palavras dos profetas não eram compreendidas.” [29] As influências da cultura, filosofia e estilo de vida dos pagãos tinham devastado tanto a vida religiosa dos judeus que, quando Jesus veio a eles, somente um punhado de almas humildes O reconheceu e deu a Ele as boas-vindas. Até as multidões que O seguiam diariamente estavam procurando um reino temporal, e quando eram ameaçadas por líderes religiosos, elas O abandonavam.

Você pode imaginar quão triste os seres celestiais devem ter ficado ao verem a reação dos judeus contra Jesus? Imagine o horror deles pelo ódio que foi dirigido a Cristo! Imagine a dor no coração dos anjos que ministravam a Cristo quando Ele era perseguido pelos sacerdotes, quando Ele Se angustiou no Getsêmane, quando Ele foi açoitado pelos romanos e suspenso na cruel cruz! Imagine o choque e a surpresa dos seres celestiais quando os líderes da Igreja zombaram d’Ele e Lhe ridicularizaram enquanto Ele estava suspenso naquela horrível cruz. Inacreditável!!! Tão sutil tem sido satanás e foi tão eficiente em cativar as mentes dos judeus através de todo esse comprometimento liberalista, criando assim uma divergência tal que os impediu de retornar ao equilíbrio da verdade. Amado irmão e irmã, por favor ouça com bastante atenção o que vou lhe dizer agora: Talvez isto seja difícil de se imaginar, mas é possível que satanás esteja trabalhando para fazer exatamente as mesmas coisas que aqui foram descritas que ele fez com os judeus, agora com a Igreja de Deus. Por mais difícil que isso seja de se aceitar, infelizmente é verdade. E vou dizer-lhes como:

APLICAÇÃO AOS TEMPOS ATUAIS

Em nossos dias, está havendo uma perda similar dos principais princípios da verdade na Igreja de Deus, e os paralelos são fenomenais. Por exemplo, a fim de alcançar padrões de reconhecimento oficial, professores nossos freqüentam seminários evangélicos, seculares e até católicos em busca de graduação avançada (mestrado, doutorado), e trazem professores evangélicos para dentro de nossos seminários, contaminando o treinamento de nossos jovens pastores.

Anos atrás, os liberais sabiam que a única maneira de mudar a Igreja Adventista do Sétimo Dia era controlar o sistema educacional. Isso ele tem feito com muito sucesso. Nossas escolas têm substituído a Agricultura pelo conceito greco-pagão de jogos e esportes para o desenvolvimento físico, e têm tentado se tornar o mais semelhante possível às escolas seculares. Você já percebeu que muitas igrejas possuem ginásios, quadras, ou mesmo campo esportivo construídos ao lado em seu terreno? As características distintivas do sistema educacional de Deus que deveriam nos por aparte do mundo têm sido largamente eliminadas. Currículos acadêmicos agora enfatizam menos a Bíblia e mais a teologia evangélica e os ensinamentos ecumênicos.

Como os judeus, temos desenvolvido uma mentalidade de entretenimento, a qual inclui cultos de adoração em estilo de celebração, mímicas e comédias, filmes e teatros, parques de diversões, jogos de computador, música dançante e os esportes sempre presente. Muitos de nós vivem em ambientes de cidades onde esses entretenimentos estão mais facilmente disponíveis. Semelhante aos judeus, a prosperidade consome nosso tempo e nossas energias, deixando pouco tempo para Deus e a família. Muitos estão mais preocupados com o ganho do dinheiro do que com sua vida espiritual ou a salvação eterna de outros. E muitos dentre nós tentam se tornar o mais parecidos possível com os mundanos que nos rodeiam.

Como os judeus, muitos agora questionam as características distintivas de nossa fé. Muitos líderes “progressistas” (como os liberais gostam de ser chamados) estão determinados a incorporar culturas religiosas evangélicas em nosso estilo de vida Adventista do Sétimo Dia, e literalmente assassinam a fé de nossos pais. Muitos de nós têm se envergonhado das características de nossa fé que nos diferenciam e, semelhante àqueles atletas judeus, querem esconde-las ou minimiza-las. É interessante notarmos que os distintivos judaicos, como o Sábado e a circuncisão, uma vez comprometidas, finalmente se tornaram alvo da repressão de Antíoco Epifânio. Um comprometimento similar levará à perseguição daqueles que sustentam nossas verdades distintivas, as quais Deus nos confiou, talvez mesmo por parte de indivíduos que pertencem à nossa própria fé, em nossa própria congregação de irmãos. Conflitos entre liberais e conservadores hoje têm chegado ao ponto no qual freqüentemente não existe entendimento entre eles.

O plano de Deus para a verdadeira educação, designado a fortalecer as lealdades do povo de Deus para com Sua lei, está quase em extinção hoje. Não fossem as poucas escolas de sustento próprio, tais como a Faculdade Hartland, onde jovens aprendem os princípios Bíblicos de nossa Fé, não haveria lugar algum para a juventude se abrigar daquilo que Deus chama de tolos princípios gregos (veja Coríntios 1: 18 – 28), os quais prevalecem na esmagadora maioria de nossas instituições educacionais hoje. O comprometimento tem sido devastador na educação denominacional, ao ponto de que muitos dos que se formam têm pouca ou nenhuma motivação para servir na causa de Deus.

Até mesmo a maioria das instituições de sustento próprio estão silentes; temerosos de falar contra a “helenização” do Adventismo e a derrubada dos estandartes de nossa fé, por medo de serem postos na “lista negra” da liderança. A propósito, existe uma interessante diferença. Os antigos judeus tiveram um líder conservador na pessoa do Sumo-sacerdote para ajudar a causa conservadora. Infelizmente ainda não tivemos esse privilégio hoje. Portanto não podemos alimentar a esperança de que uma mudança política no Adventismo restaurará a fé que uma vez foi entregue aos santos. O fardo da responsabilidade de tal mudança repousa sobre você e eu!!! Nós somos aqueles que devem sustentar a fé, manter a fé, revelar a fé em nosso caráter e vivermos como acreditamos, que Jesus está voltando muito em breve.

O MESSIAS RECONHECIDO

Os judeus mergulharam tanto na educação grega e no estilo de vida grego, que eles não foram capazes de discernir a presença entre eles dO Prometido – Jesus O Messias. Eles o viam como iletrado e de classe baixa, porque Ele nunca tinha estudado em suas escolas. Eles odiavam o desmascaramento público que Ele fazia da infidelidade deles para com a Lei de Deus. Eles aborreciam seus ensinamentos simples sobre como alcançar a salvação. Mas acima de tudo, se iravam porque Ele recusava obedecer a autoridade deles em seguir suas regras. É possível que eles tenham se indignado muito por Ele ter aceitado doações, e talvez até dízimos, e ensinado Seus discípulos a fazerem o mesmo (leia Lucas 10: 3 – 12). O sistema grego de educação e filosofia destruiu a capacidade dos judeus de compreender a missão de Jesus, e eles terminaram crucificando O Filho de Deus. Oh meus irmãos, como isso é triste!

A CHUVA SERÔDIA

Será possível que muitos de nós estejamos tão mergulhados nos princípios mundanos gregos que venhamos a tratar a genuína manifestação dO Espírito Santo de forma semelhante à maneira que os judeus trataram a Cristo? Será possível que muitos de nós perderemos a chuva serôdia enquanto ela cai ao nosso redor por termos recusado a seguir o simples plano de Deus para educação? Quantos entre nós perderão a última oportunidade de cooperar com os céus na mensagem final de advertência ao mundo, por terem eles gasto seu tempo de preparo com esportes, entretenimento, ou outras buscas mundanas?

Talvez estejamos precisando repensar sobre nossa comunhão com Cristo ou com o mundo ao nosso redor, e descobrir onde nós estamos pessoalmente comprometidos, e fazer tudo o que estiver em nosso poder para recobrar nossa fé e vivermos por ela em nossos lares, escolas e igrejas. Talvez ganharíamos muito mais re-estudando os serviços do santuário que Deus deu a Israel para ilustrar Seus princípios de salvação. Se compreendermos o que Cristo fez por nós e Seu poderoso amor por cada um de nós pessoalmente, poderíamos ver a trilha através de todas as tentações e atrações que o demônio lançasse sobre nós.

Cristo, e Este crucificado, deve ser o centro de nossas vidas. Se for esse o nosso foco, escaparemos dos perigos do mundanismo e do egoísmo.

Como está você quanto a isso? Como estou eu? Estamos nós lutando para fazer parte do último grupo de pessoas que compreenderão e reflitirão a plenitude do caráter de Deus através de Jesus? Você se unirá a mim para vivermos hoje por Jesus, não importa quão ridículo pareça aos outros, não importa quão perseguidos formos, não importa quão difícil isso pareça ser? Você se unirá a mim em insistirmos com Deus por uma verdadeira experiência com Jesus? Você se unirá a mim em mergulhar fundo em Sua Palavra da Verdade?

Vamos orar. Pai amado, é no nome de Jesus que nos achegamos hoje a Ti. Sabemos que freqüentemente temos comprometido nossa fé e adotado princípios mundanos em nossas vidas, mesmo após termos professado aceitar a Jesus e a verdade para estes últimos dias. Ajuda-nos Senhor a ver quão perigoso é isso, usar os recursos de satanás. Ajuda-nos a ver como podemos nos apartar do mundo para nos separarmos dele. Ajuda-nos a deixar essas coisas para trás e olharmos unicamente para o céu, pois é lá onde está o nosso lar. Estamos nas fronteiras da Terra Prometida – nosso lar celestial. Rogamos que O Senhor nos santifique e purifique, e nos torne preparados, a fim de que quando a crise vier sobre nós e O Espírito Santo for derramado, façamos parte dessa grandiosa mensagem final de advertência, e que não O rejeitemos e O percamos neste tempo tão crucial. Essa é nossa oração em nome de Jesus. Amén!

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[1] Bevan, Edwyn, Jerusalém Sob os Sumo-Sacerdotes, (London, 1904,
Edward Arnold & Co.), pp. 31-33. See also Graetz, H. História dos Judeus, (Philadelphia, 1891, The Jewish Publication Society of America),
pg. 419.
[2] Graetz, pg. 415; Beven, p. 33-34.
[3] Graetz, pp 411.
[4] Bevan, pp. 18.
[5] Stanley, Arthur Penrhyn, Palestras Sobre a História da Igreja Judaica (New York, 1884, Charles Scribner’s Sons), Vol. 3, pp. 221.
[6] Josephus, Flávio, As Obras de Flávio Josephus. Traduzido por
William Whiston (Philadelphia, The International Press, The John C.
Winston Co.) Book XII, Chapter II. pp. 349 -350; Bevan, pp. 44.
[7] Op. cit., Stanley, pp. 217; Bevan, pp. 45.
[8] Op. cit., Graetz, pp. 426, 427.
[9] Ibid., pp. 427.
[10] Ibid., pp. 427.
[11] Mathews, Shailer, Uma História dos Tempos do Novo Testamento na Palestina
(New York, 1927, The MacMillan Company) pp. 8; Bevan, pp. 79; Graetz, pp. 435.
[12] Op. cit., Bevan, pp. 79.
[13] Op. cit., Graetz, pp. 427-429.
[14] Op. cit. Bevan, pp. 36.
[15] Op. cit. Graetz, pp. 428, 429.
[16] Ibid., pp. 435.
[17] Schurer, Emil, Uma História do Povo Judeu no Tempo de Cristo, (Edinburgh, 1890, T. & T. Clark), Div. 1, pp. 202, 203; Bevan,
pp. 79;
[18] Op. cit., Graetz pp. 435, 445, 446; Shurer, pp. 203
[19] Op. cit., Mathews, pp. 8; Graetz, pp. 445, 446.; Shurer, Div 1, pp.
203.
[20] Op. cit., Graetz, pp. 446.
[21] Op. cit. Bevan, pp. 79.
[22] Op. cit. Graetz, pp. 429.
[23] Incorporado em “Livro Diário de Orações Judaicas”, (New York, 1890,
Rosenbaum & Werbelowsky).
[24] Op cit., Graetz, pp. 435, 436.

Ibid. pp. 435-437, 440.
[26] Ibid., pp. 436.
[27] Op. cit. Shurer, pp. 207.
[28] White, Ellen G., O Desejado de Todas as Nações, (Casa Publicadora Brasileira, SP 2004), pg. 29.
[29] Ibid., pg. 32.